Mato Grosso do Sul – Cerâmica Terena


Imagem: Governo do Estado

A Cerâmica Terena, em Mato Grosso do Sul-MS, foi registrada por sua importância cultural.

FCMS – Fundação de Cultura de Mato Grosso do Sul
Nome Atribuído: Cerâmica Terena
Localização: Mato Grosso do Sul
Resolução de Registro: Decreto Nº 12.847, de 16/11/2009
Livro de Registro dos Saberes

Descrição: A cerâmica terena é conhecida pela sua tonalidade vermelha (que para as oleiras é a cor da tradição terena) e desenhos na cor branca, assemelhados a uma renda. Sua estrutura é composta por três tipos de barros diferentes, sendo o preto usado para dar a forma ao artefato; o vermelho, a cor e o brilho que o grupo identifica como tradicional; e por último, o branco, que é utilizado para “bordar” as peças com motivos florais, pontilhados e mistos. Esses traços são para o povo Terena, indicativos da sua identidade e só poderiam ser modificados por quem tem autoridade para fazer, ou seja, pelas ceramistas que detém o conhecimento ritual e técnico da atividade.
Para começar a produção, as oleiras vão coletar a argila em buracos que cavam no meio do mato ou na beira de córregos e açudes, de onde saem com sacos ou bacias carregados na cabeça até as casas. Uma vez nas suas residências, dirigem-se aos quintais para retirar dos sacos,folhas, galhos e pedras que podem comprometer o resultado final, provocando rachaduras na cerâmica. Feito isso, a argila é então bem amassada para ser misturada ao “tempero” ou catipé, que é a denominação de restos de cerâmica que quebraram e foram socados no pilão para serem reutilizados. Segundo as ceramistas, esse complemento evita as deformações e quebras das peças que estão sendo confeccionadas.
Em seguida, com a mistura pronta, a artesã começa a dar forma ao barro. Sentada em banquinhos ou tocos de árvores, com um pote de água e a bacia com a mistura ao lado, ela primeiro amassa o material, achatando-o sobre uma tábua. Esse primeiro trabalho será o suporte do artefato, para em seguida, num movimento de vai e vem com as mãos, começar a fazer os espirais ou cordas. Assim, juntam-se as cordas sobre a base de barro, comprimindo-as e modelando a massa, já preparando para a forma que será esculpida. Durante esse processo, feito com as pontas dos dedos nas partes externa e interna do objeto, a ceramista molha as mãos para umedecer o barro, facilitando, com isso, a modelagem. Conforme o artefato vai sendo constituído, ele é alisado com colheres e facas sem serras.
Terminada a modelagem, o objeto é posto num local fresco e arejado para firmar a sua forma, permanecendo ali por um dia. O próximo passo é cobrir o objeto com o barro vermelho por diversas vezes, até atingir a coloração ideal, e depois, colocá-lo para secar ao sol. Feito isso, a peça será polida com seixos ou pedras lisas, que as mulheres geralmente encontram na cidade e por isso são muito estimadas. Para os Terena, esse momento é de muito zelo com a cerâmica, pois além de ser a ocasião em que se consegue dar um brilho intenso à peça, é o instante no qual ela poderá quebrar se não forem tomadas algumas cautelas, como, por exemplo, proteger do vento.
Para terminar, é feita a decoração com o barro branco; assim os artefatos estão prontos para irem ao fogo. Para tanto, a ceramista faz um buraco no chão, coloca barras de ferro de base para segurar a lenha que precisa ser de fácil combustão, como a angico; também instala um suporte para poder assar os objetos; põe a madeira; acende o fogo e adiciona as peças cobrindo-as com lenha até tampar todos os artefatos. Em aproximadamente meia hora, a lenha terá virado cinzas e as peças estarão expostas ao ar livre.
Assim como as ceramistas Marúbo, as Terena utilizam uma taquara para retirar os objetos da fogueira, que ficam com um aspecto puxado para o marrom escuro logo após a queima, mas vai clareando e adquirindo a tonalidade vermelha conforme se resfria. Esse é mais um instante que exige muito cuidado, pois uma cerâmica muito queimada fica com a tonalidade ou nódoas amareladas, comprometendo toda a beleza da louça de acordo com as oleiras.
Fonte: Gomes; Kabad.

Descrição: Terena – Agricultores, os terena estão concentrados na região noroeste do Estado e com grandes levas nas aldeias urbanas de Campo Grande. Pertencem ao tronco linguístico Aruak. Foram os últimos a entrar na Guerra do Paraguai e pode ser este o motivo de não terem sido totalmente dizimados.
Fonte: Governo do Estado.

Descrição: Com uma população estimada em 16 mil pessoas em 2001, os Terena, povo de língua Aruák, vivem atualmente em um território descontínuo, fragmentado em pequenas “ilhas” cercadas por fazendas e espalhadas por sete municípios sul-matogrossenses: Miranda, Aquidauana, Anastácio, Dois Irmãos do Buriti, Sidrolândia, Nioaque e Rochedo. Também há famílias terena vivendo em Porto Murtinho (na Terra Indígena Kadiweu), Dourados (TI Guarani) e no estado de São Paulo (TI Araribá). Nestas duas últimas localidades, famílias terena foram levadas pelo Serviço de Proteção aos Índios (SPI) para servirem de “exemplo” aos índios locais (exempo de afinco nas práticas agrícolas e também de “obediência” ao sistema de controle imposto pelos funcionáros daquele extinto órgão público…).
Fonte: Socioambiental.

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