Curitiba – Museu Escola Alfredo Andersen


Imagem: AEN

O Museu Escola Alfredo Andersen, em Curitiba-PR, é antiga casa de moradia urbana construída em alvenaria de tijolos, em dois pavimentos.

CPC – Coordenação do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Museu Escola Alfredo Andersen
Localização: R. Mateus Leme, nº 336 – Curitiba-PR
Número do Processo: 30-71
Livro do Tombo: Inscr. Nº 30-II

Descrição: Integrando conjunto arquitetônico com unidades vizinhas, a edificação é antiga casa de moradia urbana construída em alvenaria de tijolos, em dois pavimentos. Adotando o partido da arquitetura eclética, em voga em fins do século passado e inícios do atual, o prédio mostra fachada neoclássica com as envasaduras emolduradas por requadros em massa, vergas em semicírculo no primeiro piso e sobrevergas arqueadas no segundo. Porta central ladeada por quatro janelas – duas de cada lado, sistema em guilhotina -, todas com bandeiras fixas. No segundo pavimento, janela rasgada ao centro e balcão com guarda-copo em ferro e quatro janelas de peitoril.
Cobertura em telhado de quatro águas, arrematado na fachada principal por platibanda com ornatos em massa. O prédio, que por muitos anos serviu de moradia e ateliê-escola para Alfredo Andersen, abriga, agora, exposta em caráter permanente, expressiva coleção de obras e documentos do artista, que com muita justiça é considerado o pai da pintura paranaense. Natural de Christiansand, Noruega, onde nasceu em 3 de novembro de 1860, Andersen, seguindo o desejo paterno, encaminhou seus estudos para a engenharia, com o fito de tornar-se construtor naval.
Aos 12 anos de idade, porém, já fazia tão bons desenhos que o reitor da escola o aconselhou a seguir carreira artística. Em 1873, portanto aos 13 anos, pintou Akt, sua primeira tela conhecida. Por volta de 1874, segundo Egil Johan Ree, com o objetivo de se tornar marinheiro, viajou no barco do pai com destino à Itália. Já Carlos Rubens afirma que o objetivo era outro: obtida a permissão paterna, seguiria carreira artística. Desistiu, porém, por não ter recursos para matricular-se numa academia. Anos mais tarde, resolveu enviar a Wilhelm Krogh, famoso cenógrafo, pintor e decorador de Christiania (atual Oslo), alguns desenhos seus, pedindo-lhe para ser aceito como seu discípulo.
Sendo admitido, provavelmente de 1874 a 1877 passou a residir em Oslo, onde trabalhou sob orientação de Krogh. Viveu experiência laboriosa, dividindo suas atividades entre decoração, cenografia e pintura de terracota. Em 1878 executou a tela Fazendo Fosquinha e transferiu-se para Copenhague (Dinamarca). A fim de se preparar para ingressar na Academia de Arte, frequentou o ateliê de Carl Andersen, pintor de retratos e assistente da academia.
Em 1879 era admitido na Academia Real de Belas-Artes de Copenhague. Nesse mesmo ano, conforme certificado de P. Tejlemann, lecionava Desenho Livre na Escola de Rapazes, junto ao Asilo de Vesterbro. O próprio Tejlemann atesta ainda que, nos anos de 1881 e 1883, Andersen dirigiu o ensino de desenho da escola da qual era diretor, tendo empregado métodos mais livres.
Em 1891 não só expôs em Oslo como executou o retrato de Knut Hamsun, autor de A Fome (Sult), que se encontrava num ciclo de palestras pelo litoral e de quem era grande amigo, inclusive pela afinidade que ambos experimentavam na exaltação do individualismo, amor à liberdade e defesa da integração do homem com a natureza. Com essa obra, Andersen iniciava a série de retratos psicológicos.
No mesmo ano em que pintou Hamsun, Andersen iniciou uma longa viagem, Supõe-se que esteve no México, Barbados e, pela primeira vez, no Brasil, onde, na Paraíba do Norte, pintou o Porto de Cabedelo.
Em 1892, embarcava no navio capitaneado por seu pai, Tobias Andersen, iniciando uma espécie de volta ao mundo, cujo roteiro era Buenos Aires, África do Sul, Ásia, América do Norte. Aportou novamente em Cabedelo, onde executou vários estudos (desenhos, aquarelas e o famoso óleo Porto de Cabedelo). Rumo ao Sul, segundo versão oficial, uma avaria no mastro do navio, devido a forte temporal, fê-lo desembarcar em Paranaguá.
Conforme relato do próprio Andersen, a imagem altamente positiva que teve do Paraná e razão, talvez, da sua permanência aqui, deve-se ao fato de uma visita à Escola de Belas-Artes e Indústrias.
Em Paranaguá, de forma temporária ou permanente, fixou-se aproximadamente dez anos. Os temas mais comuns em seus desenhos e pinturas eram, então, paisagens do litoral e da estrada de ferro que liga Paranaguá a Curitiba, tipos populares e retratos.
Embora sejam conhecidas várias obras dessa fase, é no momento impossível ter-se uma visão de conjunto de sua produção na época, visto que, ao que tudo indica, Andersen costumava trocar trabalhos seus por mercadorias com a tripulação dos navios que aportavam em Paranaguá. Prova, tanto desse contato, como talvez de um prosseguimento das viagens, são o retrato Meu Amigo Inglez (Capitão Compton) e a composição Lendo Correspondência, ambos de 1896. Por outro lado, o retrato do Visconde de Nacar e outras obras comprovam sua presença em Paranaguá nesse mesmo ano. Quanto à data e circunstâncias precisas da transferência de Andersen para Curitiba, as opiniões também divergem.
Em Curitiba, Alfredo Andersen passou a desenvolver intensa atividade, não só como artista, mas também como professor. Em seu próprio ateliê, fundou uma escola particular de desenho e pintura. Fez inúmeros projetos para criar uma escola oficial de belas-artes, porém não viu seu sonho se realizar. Também assumiu a função de professor de Desenho da Escola Alemã do Colégio Paranaense. Em 1909 foi convidado, por Maria Aguiar Lima, para assumir a direção das aulas noturnas da Escola de Belas-Artes e Indústrias.
Por meio dessa experiência, teve a oportunidade de colocar em prática a sua utópica Escola Profissional de Desenho para Operários, espécie de Bauhaus provinciana para formar operários especializados. Também esse sonho foi sacrificado, com a transformação da Escola de Belas-Artes e Indústrias em Escola Feminina, o que a descaracterizou totalmente.
O seu primeiro ateliê em Curitiba localizava-se na Rua Marechal Deodoro, no local que fora estúdio do fotógrafo Volk e seria mais tarde transformado no célebre ateliê de Ghelfi, onde foi lançado o estilo paranista. Mais tarde, Andersen transferiu seu ateliê para a Rua Conselheiro Carrão, atual Mateus Leme, hoje Museu Alfredo Andersen, onde viveria até o final de seus dias.
Além da sua importância didática, que lhe valeu o título de “Pai da Pintura Paranaense”, grande foi o valor de Alfredo Andersen como artista plástico. Três grandes linhas temáticas caracterizavam a obra de Alfredo Andersen como pintor: o retrato, a paisagem e as cenas de gênero. No retrato, Alfredo Andersen explorava, em geral, os efeitos do claro-escuro, característica, aliás, comum entre os pintores nórdicos. Em alguns, como A Menina com a flor na Boca, a fugacidade do efêmero chega a sugerir o impressionismo. Nas paisagens e cenas de gênero, as composições iniciais, que tendiam aos pasteis e cinzas, são substituídas – em contato com a luz dos trópicos – por uma paleta mais leve, mais próxima do impressionismo. Proximidade essa que se caracteriza, porém, mais pela fatura e pela sensação visual de captação de fugitivo perante a natureza do que pelas cores e toques soltos propriamente ditos. A luz, delimitando a forma sem destruí-la, aproxima-o dos realistas, parcialmente ligados ao impressionismo, como Manet ou Degas, mais do que como um dos mais emotivos intérpretes da gente e da paisagem paranaense em inícios do nosso século.
Fonte: CPC.

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
CPC
Espirais do Tempo
AEN
Governo do Paraná
Wikipedia


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