Paranaguá – Ilha do Mel


Imagem: CPC

A Ilha do Mel é constituída por duas áreas nitidamente definidas, unidas por um istmo de 150m de largura no seu ponto mais estreito.

CPC – Coordenação do Patrimônio Cultural
Nome Atribuído: Ilha do Mel
Localização: Baía de Paranaguá – Paranaguá-PR
Número do Processo: 56/75
Livro do Tombo: Inscr. Nº 11-I

Descrição: Situada à estrada da Baía de Paranaguá, a 25 graus de latitude, com uma superfície de 2.762ha a um perímetro de aproximadamente 35 km, a Ilha do Mel é constituída por duas áreas nitidamente definidas, unidas por um istmo de 150m de largura no seu ponto mais estreito. A área menor, ao Sul, é caracterizada pela presença de seis elevações, a mais alta das quais o morro Bento Alves mede 160m de altura, e pelo recortado das praias abertas para o oceano. A área Norte, mais extensa, é denominada por uma planície de restinga, com mangues, riachos e lagoas, e é contornada por praias voltadas para o mar interior da Baía de Paranaguá. Acidente geográfico mapeado na Sexta Carta da Costa do Brasil, ao meridiano do Rio de Janeiro, desde a Ponta de Araçatuba até a Barra do Guaratuba, pelo padre M. Diogo Soares, S.J., geógrafo régio no estado do Brasil, antes de meados do século XVIII, referido por inúmeros viajantes estrangeiros que o Brasil vieram entre os séculos VXI e o XIX, foi registrado iconograficamente através de xilogravura no livro de Hans Staden (1555), por aquarelas de Debret (1827) e tema de inúmeros quadros a óleo de Alfred Andersen (1930), Theodoro de Bona (1946) e outros.
A ocupação humana remonta à pré-história, conforme testemunham inúmeros sambaquis. No período colonial, a Ilha do Mel, pela posição estratégica, à entrada da Baía de Paranaguá, passou a ter um papel importante de defesa, construindo-se no sopé de um morro, em uma ponta, diante do canal de acesso, uma fortaleza, sob a invocação de N. Sra. dos Prazeres. Em 1872, na extremidade Leste, na Praia das Conchas, à boca da barra, foi erguido um farol para apoio à navegação, obra do tempo do Império, todo em ferro e cuja aparelhagem veio da Inglaterra. Uma placa registra o fato: “O Senhor D. Pedro II, I.C., o Barão de Cotegipe, Ministro da Marinha, mandou construir este pharol. Eng. Zozimo Barrozo. Construtores P&W Maclellan, Glasglow. 1870”. Essa praia junta beleza e função vital, pois graças à luz do farol, que à noite a ilumina, podem os pescadores ter orientação.
A flora da ilha abrange a vegetação subarbustiva e arbustiva típica das restingas, a floresta latifoliada com a presença de liamas e epífitas, além de palmáceas e, finalmente, o manguesal. A vegetação na área de domínio da água do mar é constituída de plantas psamófitas e halófitas, que cobrem a superfície arenosa, e de ricas associações xerofíticas, nas quais estão presentes aglomerações de brameliáceas, que crescem sobre as cúpulas rochosas fora do alcance das marés. Na areia seca registra-se a existência de gramíneas, ciperáceas e plantas com raízes adventícias em caules rastejantes. Ao Sul da Baía de Paranaguá, a vegetação nativa ou foi totalmente destruída ou está bastante comprometida.
Durante a Segunda Guerra Mundial, a ilha esteve sob ocupação de forças militares, medida considerada indispensável à proteção do porto e Baía de Paranaguá. Desde o final do século passado, a Ilha do Mel é bastante procurada por turistas, dada sua localização.
À entrada da barra, o que se pretende com a medida de tombamento é, justamente, impedir o turismo predatório e a ocupação desordenada do solo e também a proteção do que resta da flora e da fauna do litoral do Paraná. A manutenção do paisagismo da ilha e a preservação dos hábitos tradicionais do caboclo, que ainda faz seu barreado, dança seu fandango e tece suas lendas – “a praia das Encantadas era das sereias que atraíam os barcos, os quais, indo pelo canto delas, acabavam batendo nas pedras (…)” – se incluem, outros sim, nas medidas de proteção, bem como os sítios arqueológicos que assinalam a presença de culturas pré-cabralinas, na área. São poucos os pontos habitados; na prainha residem os moradores mais antigos, vivendo de pesca artesanal, tendo pouco contato com a civilização, dadas as dificuldades de acesso. Da primitiva povoação restam menos de 50 casais, uma pequena escola e uma igrejinha.
Além da riqueza e da beleza naturais que lhe são inerentes, ao longo da praia que vai do Farol das Conchas à fortaleza (seis quilômetros, aproximadamente) registra-se a presença de rica fauna de alto valor científico, na forma de primitivas espécies de invertebrados. Por todas essas razões, justifica-se, como deseja a comunidade científica do Paraná, a transformação da Ilha do Mel em parque natural e reserva biológica, sob proteção legal.
Fonte: CPC.

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