São Paulo – Cavas de Ouro Histórica – Jardim Britânia


Imagem: Carneiro; Santos; Silva

As Cavas de Ouro Históricas, em São Paulo-SP, foram tombadas por sua importância cultural.

CONPRESP  – Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo
Nome atribuído: 
Cavas de Ouro Históricas do Jaraguá
Localização: Bairros de Morro Doce e Jardim Britânia – São Paulo-SP
Resolução de Tombamento: Resolução 31/13

Descrição: Considerando o valor histórico das antigas Cavas de Ouro na região do Jaraguá, local das primeiras atividades de mineração de ouro no Brasil, iniciadas no século XVI;
Considerando o valor arqueológico e geológico para o desenvolvimento de pesquisas que possam contribuir para a compreensão da história e dos mecanismos da mineração de ouro em São Paulo e no Brasil;
Considerando o potencial turístico, através de ações que privilegiem a musealização das Cavas, estratégias de geoconservação e educação patrimonial;
Considerando as Cavas como importante marco paisagístico e seu potencial como agente de valorização de seu entorno; e
Considerando a eminente destruição ou descaracterização das antigas Cavas de Ouro na região do Jaraguá, pela crescente ocupação do entorno.
Fonte: Resolução de Tombamento.

Descrição: A Cava II, a mais extensa do conjunto, foi descrita por Carneiro (2002) como “cava principal”. No alto da elevação, situa-se a Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) do Jardim Britânia, visível desde a Rodovia Anhangüera (Fig. 3). O conjunto de fotografas das fguras 4a e 4b ilustra o avanço da ocupação entre 1982 e 1993. O aspecto em forma  de “V”, o fundo estreito e chato, e as paredes abruptas de aproximadamente 20 m de altura, coincidem com os da imagem da clássica publicação de Knecht (1950).
Theodoro Knecht, estudioso dos minérios paulistas, publicou em 1950 uma foto da escavação maior (Knecht 1950, p.26), em ângulo igual ao da cena que se tem hoje desde a Via Anhanguera, descrevendo-a como  uma “escavação antiga” de ouro. A expressão, aliás, nãolhe pertence. As ruínas de cavas a céu aberto foram consideradas antigas pelo mineralogista José Bonifácio de Andrada e Silva, por volta de 1822, em visita à Província de São Paulo. Na Capitania de São Vicente, essas extrações pioneiras anunciaram nossa vocação mineira – no fnal do século XVI – junto com as de Paranaguá (Carneiro 2002).
No início dos anos 1980, a área despovoada ao redor da Cava II fcava em zona rural (Fig. 4a). Para a construção da unidade escolar, na década seguinte, o governo estadual implantou aterro para acomodar parte do terreno e dar acesso à população da parte N do bairro (lado direito da Fig. 4b), pois as paredes da cava formavam abismo difícil de ser atravessado a pé. A solução, além de descaracterizar parcialmente os vestígios, criou ali pequena área de risco, porque os muros e paredes são periodicamente afetados por trincas e rachaduras, associadas a prováveis movimentações do aterro malcompactado. Hoje, moradores fazem lançamento irregular, no local, de restos de construção civil (entulho), lixo e solos inaproveitáveis (Fig. 4d).
Na base da parte central da Cava II, Carneiro (1983) identifcou longa galeria de pesquisa suavemente inclinada para NW, escavada em flitos, xistos e metarenitos decompostos. Na extremidade da galeria havia poço vertical (shaft) que acabou sendo recoberto pelo aterro, que escondeu qualquer vestígio tanto da galeria como do poço. O formato da abóbada, em curva, era similar ao da galeria da fgura 4c, distante cerca de 400 m da cava, a NE, em corte da Rodovia Anhangüera. A fotografa 4c é de um dos três remanescentes de galerias de pesquisa existentes até setembro de 2007. Obras de implantação das pistas marginais da rodovia destruíram por completo o que ainda restara das feições.
O local onde se situa a Cava II sofreu aterramento e obras que descaracterizaram parte da feição. Atualmente a escola está sob administração municipal, sendo denominada EMEF do Jardim Britânia. Para efeito de delimitação, a cava estende-se de SE para NW entre a faixa de domínio da Rodovia Anhangüera, junto à margem W do córrego Santa Fé, até a Rua Paraná, ou José Xavier da Costa, no Jardim Britânia. Muros dos quintais de casas da rua Serra das Emburanas, antes denominada rua Mato Grosso, e um trecho dessa mesma rua (sem casas), percorrem toda a borda setentrional da cava. O limite meridional é feito por áreas controladas pelo Estado, particularmente dois centros de esporte e lazer, conhecidos como CEU (Centro Educacional Unifcado) Anhangüera e CDC (Centro Desportivo da Cidade) Cel. José Gladiador. Escolas, como a do Jardim Britânia, podem favorecer o desenvolvimento de centro educacional que exploraria esta e as demais ocorrências analisadas, como forma de aproveitar espaços públicos e privados.

Fonte: Carneiro; Santos; Silva.

Conjunto Cavas de Ouro Históricas do Jaraguá:
São Paulo – Cavas de Ouro Histórica – Faldas do Morro do Quebra-Pé
São Paulo – Cavas de Ouro Histórica – Jardim Britânia
São Paulo – Cavas de Ouro Histórica – Morro Doce
São Paulo – Cavas de Ouro Histórica – Parque Nova Anhanguera

FOTOS:

MAIS INFORMAÇÕES:
Carneiro; Santos; Silva


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