Recife – Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico do Antigo Bairro do Recife


Imagem: Américo Nunes

O Antigo Bairro do Recife é o núcleo inicial da cidade. Nasceu como uma lingueta de terra e, com sucessivos aterros, assumiu a configuração atual de ilha.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico do Antigo Bairro do Recife
Localização: Recife-PE
Número do Processo: 1168-T-1985
Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico: Inscr. nº 119, de 15/12/1998
Livro do Tombo Belas Artes: Inscr. nº 614, de 15/12/1998
Descrição: O Bairro do Recife localiza-se no centro da cidade e, juntamente com os bairros de Santo Antônio, São José e Boa Vista, integra o sítio histórico do Recife. Sede do principal porto colonial da região Nordeste e núcleo inicial da ocupação da cidade, o Bairro do Recife nasceu como uma lingueta de terra e, com o tempo, a partir de sucessivos aterros, assumiu a configuração atual de ilha. Integra-se à cidade por meio de quatro pontes que ligam a ilha ao continente, e a partir deste a toda área metropolitana.
Banhado pelo Oceano Atlântico e cortado pelos rios Capibaribe e Beberibe, Recife nasceu
no início do século XVI como porto, ancoradouro natural da sede da capitania, Olinda.
A cidade era então uma pequena lingueta de terra, entre o mar e os rios. O assentamento da povoação e a configuração das primeiras vias foram conseqüência do formato natural da lingueta e da escassez de terra firme. De pequena vila de pescadores, cujo centro da ocupação era uma pequena ermida, a do Corpo Santo, a cidade foi crescendo.
A partir de 1630, com a chegada dos holandeses, a cidade urbanizou-se muito, tornando-se o maior porto e a cidade mais cosmopolita das Américas, na qual conviviam católicos, protestantes e judeus. Era época também de elevadas densidades demográficas, em torno de 27 mil hab/km². Entretanto, somente quando o conde Maurício de Nassau chegou ao Recife, em 1637, é que começaram a ser realizados grandes melhoramentos na cidade.
Durante o período nassoviano, novos assoreamentos foram executados no extremo sul da península e, na sua porção norte, foi construído o Forte do Brum. Em 1654, ano da expulsão dos holandeses, a antiga península já se achava bastante construída, simultaneamente à ocupação na Ilha de Antônio Vaz, atual bairro de Santo Antônio, e à expansão em direção ao continente, hoje
bairro da Boa Vista. O retorno da dominação portuguesa impôs uma certa intolerância religiosa que ocasionou a fuga de vários grupos de judeus instalados no Recife.
Em relação ao traçado urbano, os portugueses mantiveram a lógica e a racionalidade do período holandês, mesmo porque a forma natural da península sempre orientou o seu crescimento. A península continuou a aumentar e a avançar sobre as águas às custas de sucessivos aterros e assoreamentos.
Dentre as obras do período imediatamente posterior à ocupação holandesa, destaca-se a construção de uma pequena ermida em homenagem a Nossa Senhora do Pilar, ao norte da península, na qual existiam as ruínas do antigo Forte de São Jorge.
No século XVIII, o aglomerado urbano cresceu bastante, adentrando o século XIX com a ampliação em três vezes da estreita faixa de terra primitiva, ocupada por sobrados altos e magros nas ruas estreitas.
Em 1910 teve início a reforma urbana no bairro que, inspirada no modelo da Paris de Haussmann, buscou três objetivos: a modernização do porto, a higienização e melhorias das condições de salubridade e a reforma urbanística. O equivalente a 2/3 do Bairro foi demolido para abertura de avenidas monumentais e os antigos sobrados coloniais foram substituídos por edifícios ecléticos. O cunho paisagístico e esteticista de tal reforma foi verificado na valorização das fachadas, na extensão do campo visual e na grande dimensão dos lotes das principais vias, destinados à construção de edifícios imponentes.
Desse modo, o Bairro do Recife sofreu um verdadeiro processo de elitização, que objetivou substituir a imagem da cidade colonial pela de prosperidade, beleza e civilidade.
Outra alteração significativa no bairro ocorreu entre 1912 e 1915, quando a antiga península foi rompida e transformada em ilha, decorrente da construção de um molhe na altura da Fortaleza do Buraco. Em meados do século XX, são feitas novas modificações no Bairro do Recife, configurando o traçado urbano até hoje existente.
As reformas no Bairro de Santo Antônio na década de 1940, que o consolidaram como principal pólo de comércio especializado e de luxo, contribuíram para a transformação do Bairro do Recife em reduto de boemia da cidade, no qual conviviam intelectuais, artistas, profissionais liberais e marinheiros, em meio a uma intensa vida noturna dos antigos sobrados, então transformados em boates, bares e cabarés. A partir da década de 1970, a área entra em um processo de degradação e abandono que só começa a ser revertido a partir de 1990, quando se inicia o projeto de revitalização, que a transforma em um pólo institucional e de serviços.
Em 1998, uma porção do Bairro do Recife passou a ser reconhecida como monumento nacional. Esse título referenda sua rica diversidade de estilos arquitetônicos e padrões urbanos e o valor simbólico sentimental que esta área representa para os cidadãos recifenses.
Fonte: Iphan.

Descrição: Conjunto Arquitetônico, Urbanístico e Paisagístico do Antigo Bairro do Recife, com a seguinte descrição da área de tombamento: “Inicia-se no ponto A, na interseção do eixo do canteiro central da Av. Cais do Apolo (Av. Martin Luther King) com o eixo da Rua do Observatório e segue pelo eixo desta Rua até o ponto B, na confluência com o prolongamento do eixo da Rua de São Jorge, onde deflete à esquerda, prosseguindo pelo prolongamento do eixo desta Rua até o ponto C, no encontro com o prolongamento da divisa posterior do imóvel n° 32 (trinta e dois) da R. Vital de Oliveira. Neste ponto deflete à direita e acompanha o prolongamento da divisa posterior do imóvel de n° 32 (trinta e dois) desta Rua, atinge a linha de divisa posterior deste imóvel (incluído) e continua pelo prolongamento desta divisa até o ponto D, no cruzamento com o eixo da Av. Alfredo Lisboa, onde deflete novamente à direita e percorre 280m (duzentos e oitenta metros) ao longo do eixo desta Avenida até alcançar o ponto E. Neste ponto deflete à esquerda e segue em ângulo reto até o ponto F, na interseção com a linha marginal do Cais do Porto, onde, defletindo à direita, percorre 90m (noventa metros) ao longo da linha marginal deste Cais até o ponto G, onde deflete mais uma vez à direita e prossegue em ângulo reto até o ponto H, na confluência com o eixo da Av. Alfredo Lisboa. Neste ponto deflete à esquerda e continua pelo eixo desta Avenida até o ponto I, no encontro com a linha marginal do Rio Capibaribe, onde, defletindo à esquerda, acompanha a linha marginal deste Rio até o ponto J, no cruzamento com o prolongamento do eixo do canteiro central da Av. Cais do Apolo (Av. Martin Luther King). Neste ponto deflete à direita e segue pelo prolongamento do eixo do canteiro central desta Avenida até o ponto K, na interseção com o eixo da Av. Barbosa Lima, onde prossegue em linha reta pelo eixo do canteiro central da Av. Cais do Apolo (Av. Martin Luther King) até o ponto A, retornando ao ponto inicial da poligonal assim definida.”
O tombamento confere a condição de destaque aos seguintes imóveis: Av. Alfredo Lisboa, n° 505; Av. Cais do Apolo, n° 222; Av. Marquês de Olinda, n° 58, 150, 174, 200 e 262, n° 85, 105, 151, 175, 225 e n° 253, 245 , 257, 263, 273, 277 e 303 (Edifício Chantecler); Av. Rio Branco, n° 18, 50 (Livraria Universal), 240 e n° 23; Praça Arsenal da Marinha, n° 59 e n° 91 (“Western Telegraph”); Rua do Apolo, n° 97, 107, 121 (Teatro Apolo), 133, 143, 175, 181 e 235; Rua do Bom Jesus n°s 125, 143, 171 e n°s 197 a 203 (local onde consta ter funcionado a antiga Sinagoga); R. Maria César, n° 170; Rua da Madre de Deus, n° 35; R. Mariz e Barros, n° 348; Rua do Observatório sem número (Torre de Malakoff); R. Vigário Tenório, n° 135, 143, 177 e 193; R. Vital de Oliveira, n° 32.
Fonte: Iphan.

CONJUNTO:
Recife – Torre Malakoff

FOTOS:

PANORAMA 360 GRAUS

MAIS INFORMAÇÕES:
Iphan
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Monumenta, p. 217
Patrimônio de Influência Portuguesa
Wikipedia


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