Mariana – Igreja de Nossa Senhora do Carmo


Imagem: Iphan

A Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Mariana-MG, foi tombada por sua importância cultural.

IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
Nome atribuído: Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Outros Nomes: Igrejas irmãs, Igrejas gêmeas
Localização: Praça de São Francisco – Mariana-MG
Número do Processo: 75-T-1938
Livro do Tombo Belas Artes: Inscrito Inscr. nº 266, de 08/09/1939
Observações: O tombamento inclui todo o seu acervo, de acordo com a Resolução do Conselho Consultivo da SPHAN, de 13/08/85, referente ao Processo Administrativo nº 13/85/SPHAN. Um incêndio ocorrido em 2000, destruiu completamente o teto e os altares laterais da igreja, fazendo desaparecer a pintura do século XVIII. Posteriormente, a estrutura do teto foi reconstruída.

Descrição: Instituída em Mariana desde 1751, a Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo reunia-se primitivamente na Capela de São Gonçalo, enquanto aguardava a necessária licença para construir o seu próprio templo. Em 1759, iniciou-se a construção de uma capela provisória, bastante simples, em taipa e com apenas uma torre central na fachada, sob a invocação do menino Deus, cujas obras já se encontravam praticamente concluídas no ano seguinte.
A construção do templo definitivo teve início em 1784, embora a licença régia tenha sido concedida a 7 de janeiro de 1789, sendo as obras ajustadas com o mestre pedreiro Domingos Moreira de Oliveira, construtor de São Francisco de Assis de Ouro Preto. Consta no Livro de Receita e Despesa da Ordem do Carmo, um pagamento, em 1782, a Manoel da Costa Athaíde por serviço realizado, sem especificação do mesmo. Observa-se, entretanto, que naquele ano as obras da capela definitiva não tinham sido ainda iniciadas. Em 1793 já se fazia a cobertura da capela-mor e trabalhava-se no frontispício, tendo sido contratados José Meireles Pinto para execução da talha da porta principal, e Sebastião Gonçalves Soares para a execução de dois anjos que enquadram a cartela sobre a portada, formando um conjunto escultural em pedra-sabão.
O risco do retábulo-mor, de autoria do Reverendo Félix Antônio Lisboa, meio-irmão do Aleijadinho, data de 1797, sabendo-se que a talha foi executada entre esta data e 1819, sendo o douramento realizado por Francisco Xavier Carneiro, discípulo de Manuel da Costa Athaíde, em 1826. É também de sua autoria a pintura do teto da igreja como, ainda, o douramento dos altares laterais, ajustados em 1826.
A cobertura do corpo da igreja só se realizou em 1800 e no ano seguinte foram dadas como concluídas as obras, incluindo frontispício, torres redondas e presbitério, arrematadas pelo capitão Francisco Machado da Luz. O marco final das obras de construção se dá, entretanto, com a instalação dos relógios das torres, em 1835. Germain Bazin considera a Igreja do Carmo um dos últimos belos exemplares do rococó em Minas. Para ele, a fachada constitui uma interpretação simplificada da de São Francisco de Assis de Ouro Preto, da qual se teria conciliado, em superfície plana, o tema curvo.
A edificação é composta por planta retangular, com os apêndices laterais da sacristia e consistório. O corpo principal compreende a nave única e a capela-mor, separadas pelo arco-cruzeiro. As torres redondas, em alvenaria, com sineiras e cimalha também de pedra, se retraem por trás de uma fachada reta, apresentando na parte central do coroamento grande cornija encurvada em arco. O frontispício, em alvenaria de pedra, aparece solto, enquadrado pelos fortes cunhais de arenito bem como a cimalha, em cujo tímpano curvo possui um grande óculo envidraçado de forma sinuosa. O portal, em pedra-sabão azulada, contém a porta almofadada e é moldurado com cimalha, sobre a qual se assenta o medalhão com os emblemas da Ordem: a montanha, encimada pela Cruz, timbrado por três estrelas. Esse medalhão é encimado pela coroa com dois anjos, seguindo a mesma composição da Igreja do Carmo de Ouro Preto, porém sem a expansão lírica da escultura do Aleijadinho. A fachada mostra ainda duas janelas rasgadas, com moldura e cimalha recortada em pedra-sabão, guarnecidas por guarda-corpos em losangos recortados. O frontão é recortado e movimentado, com óculo menor e encimado pela cruz. Conforme assinalou Carlos Del Negro, houve a intenção nesta igreja de se obter maior efeito expressivo com o emprego alternado de tons azuis e verdes da cantaria de pedra-sabão.
Internamente, logo à entrada existe um grande tapavento, com porta almofadada em duas folhas, sustentada por duas colunas jônicas com pedestal, verga curva encimada por tarja esculpida. As almofadas do tapavento, por ocasião de recente pesquisa revelaram, sob grossa camada de pintura lisa, uma decoração com figuras profanas. O coro, fechado por balaustrada, tem como acesso uma escada no interior da torre do lado direito. A nave apresenta piso de tábuas e possui grade de separação em balaústres torneados. O teto ostenta pintura ornamental em painel, com moldura policromada rococó, em concheados, guirlandas de flores, tendo ao centro a representação de Nossa Senhora do Carmo, cercada por anjos e nuvens, entregando o escapulário a São Simão Stock. A autoria desse painel é desconhecida. Próximos ao arco-cruzeiro em pedra-sabão encontram-se os dois altares laterais, em talha rococó, providos de consolo no centro e colunas nas extremidades.
A capela-mor possui forro em abóbada de aresta, decorada na chave com grande rosácea esculpida. É assoalhada até o presbitério, que é de pedra com escada. O altar-mor apresenta talha elegante, com o grande arco semicircular central apoiado em colunas e pilastras entalhadas, sendo a decoração em branco e ouro. Possui trono escalonado, onde se encontra a imagem de Nossa Senhora do Carmo. Carlos Del Negro vê, na altar-mor e na própria capela-mor do Carmo, uma influência direta de São Francisco da mesma cidade, ressaltando entretanto a superioridade desta última.
Texto extraído de: SOUZA, Wladimir Alves de. Guia dos Bens Tombados: Minas Gerais. Rio de Janeiro, Expressão e Cultura, 1984. Fundação João Pinheiro. Dossiê de Restauração Plano de Conservação, Valorização e Desenvolvimento. Ouro Preto. Mariana. 1973/1975.
Fonte: Iphan.

CONJUNTO:
Mariana – Igreja de Nossa Senhora do Carmo
Mariana – Igreja de São Francisco de Assis

FOTOS:

 

MAIS INFORMAÇÕES:
Patrimônio espiritual
Patrimônio de Influência Portuguesa
Vitruvius
Wikipedia


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